segunda-feira, novembro 10, 2008

Professores, a maioria descontente...

Tanta gente descontente, angustiada, capaz de percorrer centenas de quilómetros dentro de um autocarro carregado de esperança e sofrimento. Foram horas e horas a castigar os pés até aos ossos. Vencidos pelo cansaço, desmaios, desfalecimentos aqui e além, a massa humana comprimia os corpos, libertava os espíritos e as vontades. Ninguém arredou pé. Estive aí, todo o tempo, desde que à grande praça lusitana me entreguei até que iniciei a marcha, a passo de caracol, à velocidade de 100 metros por hora. Quando cheguei ao Rossio já o sol desertara e a noite chegava, encoberta pela iluminação da praça e dos milhares de olhos que nos miravam, curiosos. O perfume das castanhas a cada esquina, a multidão que cantava e gritava contra a ministra e o seu primeiro, faziam-me recordar tempos idos de liberdade arrebatada. Aquele barulho, uma imensa massa de descontentamento.
Oito de Novembro de dois mil e oito, jornada histórica na lusa glória de ensinar e aprender. Só os cegos não viram nada. Ouviram cento e vinte cinco mil vozes. Milhões testemunharam através da televisão e da rádio, num sábado que deveria ser o descanso de quem trabalhou toda a semana.
Cheguei a casa na madrugada de Domingo.
Cansado, mas com esperança redobrada.
Perdi um dia. Ganhei milhões!..
Pensei toda a semana e só cheguei de madrugada....

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