domingo, novembro 13, 2005

“Declínio e queda dos Impérios ”

"Mas como deveremos perdoar a negligência indiferente do mundo pagão e filosófico que foram apresentadas, não para seu julgamento mas para os seus sentidos? Durante a época de Cristo e seus apóstolos, e dos seus primeiros discípulos, a doutrina que eles professavam era confirmada por inúmeros prodígios. Os coxos caminhavam, os cegos viam, os doentes eram curados, os mortos ressuscitavam, demónios eram esconjurados e as leis da Natureza eram frequentemente suspensas em benefício da igreja. Mas os sábios de Roma e da Grécia desinteressaram-se deste horrível espectáculo e, prosseguindo as suas ocupações normais da vida e do estudo, pareciam inconscientes de quaisquer alterações na moral e no governo material do mundo. Sob o reinado de Tibério, o mundo inteiro, ou pelo menos a celebrada província do Império Romano, estava envolvido na obscuridade sobrenatural. Mesmo este evento miraculoso, que deve ter apelado à curiosidade e devoção da humanidade, passou sem grande notícia numa época de ciência e de história. Aconteceu durante a vida de Séneca e de Plínio o Velho, que devem ter experimentado os efeitos imediatos ou recebido a informação mais privilegiada do prodígio. Qualquer um destes filósofos recolheu detalhadamente os fenómenos da natureza, tremores de terra, cometas e eclipses que a curiosidade infatigável pode recolher. Quer um quer outro omitiram uma menção ao maior fenómeno que algum mortal testemunhou desde a criação do globo.”
Edward Gibbon, “Declínio e queda do Império Romano”, 1776/78
Os contemporâneos de Cristo ignoraram o que estava a passar-se na Palestina, durante o primeiro século da nossa era.
Hoje, estaremos, talvez, a passar ao lado de acontecimentos que, no futuro, se revelarão fundamentais na determinação do rumo do declínio e derrocada da Europa, do euro e do estado social e previdente.
A falência do mundo ocidental.
Depois, será a partilha do saque. A pulverização dos estados. O colapso desta civilização e o começo de uma outra forma de vida. Uma sociedade que desconhecerá, eternamente, o défice.

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