sábado, outubro 08, 2005

Reflexões...

Hoje é dia de “reflexão”, após semanas de barulheira, escárnio e maldizer. Digo isto, por ter sido obrigado a ouvir, todos os dias, num arraial maluco, o som de altifalantes descontrolados, de duas sedes de campanha, próximas do local onde vivo.
Então, na última semana, diariamente, eram difundidos, incansáveis e repetidos apelos. Enumeravam-se listas e listas de obras realizadas e outras que tais…, em promessas, escrupulosamente, garantidas.
Do outro lado, outros sons gritavam avisos às consciências dos fregueses, avisando-os das traições, da falta de carácter e da honra dos seus opositores. Nunca assisti a tanta e desenfreada competição pela Assembleia da minha freguesia. Tanta luta, confusões, confrontações, impropérios e “atrapalhamentações", por uma "coisa" tão simples e primária.
Afinal, “a coisa”, só serve para dar trabalho, preocupações e chatices.
Será que haverá algo mais, que não consigo descortinar, para além do horizonte desta "coisa" toda?
Ouve-se de tudo... - tráfico de influências, compadrios, cunhas, favores, novas economias… Sobe-se na vida à custa de quaisquer meios, aos ombros dos que, pelo fio, elegeram os mandantes no poleiro da autarquia.
Afinal, a política é, para muitos cidadãos, uma forma de vida, um emprego, um objectivo, de quem, por incompetência ou falta de integridade, encontra o espaço onde flutuar e onde obter aquilo que, pelo seu esforço, dedicação, decência e iniciativa pessoal, nunca teria alcançado.
Pois então, mais uma vez, fui encontrar nos comunicados finais das candidaturas, comunicados/surpresa, todas as suposições e pensamentos que imaginara.
Afinal, a República está enferma. À mercê de aberrações jurídicas, de habilidades processuais de impurezas sociais, lembro os casos dos Isaltinos, Felgueiras, Loureiros, Ferreiras e muitos mais.
Deixo um conselho: de futuro, a bem da república e dos cidadãos, terá que existir um conjunto de mecanismos legais que assegurem o perfil de quem pretende candidatar-se ao serviço público. Desta forma, os critérios assentarão, fundamentalmente, nas suas virtudes, no seu carácter, na sua honestidade, na formação e educação que possui e na integridade de que deu provas e o habilita para o exercício do cargo.
Servir a República deverá ser uma honra, uma distinção social. O prestígio da República passa obrigatoriamente, pelo prestígio dos seus cidadãos e pelo prestígio de quem a serve.

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